Escolhi fazer duas graduações, em arquitetura e artes, porque sempre desejei uma prática profissional que estivesse em constante diálogo com diversos saberes e agentes sociais. Nesse sentido, o meu caminho tem sido uma travessia entre experiências como arquiteta, artista e pesquisadora a partir do espaço, do coletivo e da palavra (não necessariamente nessa ordem). Da investigação de fenômenos urbanos contemporâneos (como o urbanismo tático) à propostas artísticas participativas, passando pela experiência da cenografia, foi ficando cada vez mais claro pra mim a potencialidade de estudar o espaço e as relações a partir de ocupações efêmeras e a capacidade dessas experiências artístico-arquitetônicas questionarem imaginários e produzirem outros significados. Não por acaso o trabalho de pesquisa e escrita têm também sido um território de ação cujo foco na intersecção entre arte e política e na produção artística latinoamericana tem me conduzido por temas como decolonização e desaprendizagem. Gosto de pensar o texto como uma escultura que implica tempo, pessoa, modo, voz e aspecto; que contém ação, processo, estado; que me permite um movimento constante entre unir, ligar e misturar tempos, modos e pessoas.