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Belkis Ayón Manso

Ainda pouco conhecida no Brasil, Belkis Ayón Manso foi uma artista cubana especializada em gravura, professora e curadora. Apesar de ter vivido muito pouco, recebeu prêmios importantes e participou de exposições individuais e coletivas como a IV Bienal de Havana em 1991.

Fundamental na renovação da gravura nos anos de 1990 em Cuba, uma disciplina praticamente esquecida depois do seu auge no século XIX — principalmente com a eclosão do modernismo no país -, Manso foi responsável (junto a Sandra Ramos e Abel Barroso) pelo Huella Múltiple, um projeto colaborativo desenvolvido em 1996 que reunia obras gráficas de artistas cubanos e buscava expandir o conceito de impressão incorporando fotografia, performance, instalações e novas tecnologias.

A temática de boa parte de suas obras está relacionada à Sociedade Secreta Abakuá (Ecorie Enyene Abakuá), uma espécie de maçonaria fundamentada numa mitologia de origem africana do sul da Nigéria levada à Cuba no século XIX, a qual a artista dedicou uma investigação aprofundada. Manso, que já havia estudado os Iorubás, descobriu os Abakuás lendo o livro El Monte.

La cena, 1991
Instalação das diferentes versões da obra La cena (1991) na exposição Nkame: A Retrospective of Cuban Printmaker Belkis Ayón em 2018

A artista incorporava simbologias de outras culturas e com suas interpretações expressava suas ideias e os aspectos estéticos, plásticos e poéticos que descobria em suas investigações. Em sua obra podemos reconhecer muitas das nossas problemáticas contemporâneas (sociais, étnicas, de gênero).

Sikán, 1991

A partir de suas gravuras, Manso confrontou os paradigmas da arte cubana com suas raízes de origem africana. No entanto seus interesses não eram apenas etnográficos, sua obra é também ontológica. A artista insere figuras femininas na iconografia de um sociedade exclusivamente masculina e, inclusive, se identificava com a transgressora e excluída Sikán, personagem do mito original Abakuá condenada à morte por descobrir um conhecimento místico — repetia sua imagem em suas obras também porque também entendia que Sikán, assim como ela, estava “no desassossego, procurando insistentemente uma saída”.

Imagem destacada: Nlloro, 1991 (foto: Without Masks Contemporary Afro-Cuban Art)